sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O fardo da cheia

Juntando os cacos poupados pela água da enchente, a artesã salvou sua produção de vasos de cimento e os colocou em liquidação transportando-os numa carriola de casa em casa. Atendi às palmas no portão e deixei-me comover pela história. Adquiri um e me espantei com o peso da carga que a jovem franzina transportava. Dei-lhe um acabamento com acrilex e o recheei com húmus e marias-sem-vergonha. Mas, mesmo coberto de flores e tinta, o vaso não me deixa esquecer do fardo e dos cacos de uma das flageladas da grande cheia do rio Acre em 2006.

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